Minhas primeiras fotos com a Summilux 50mm

Há objetos que ultrapassam a função prática e tocam algo mais profundo — quase espiritual. Recentemente, tive a chance de adquirir uma dessas raridades: a Leica Summilux-M 50mm f/1.4 V2, fabricada em 1962 em Wetzlar, na Alemanha. Um pedaço de história que agora está comigo, pronto para escrever com luz.

Com o número de série 1928307, esta lente pertence à segunda geração da lendária Summilux 50, produzida entre 1961 e 1968. É uma obra de engenharia óptica com 7 elementos em 5 grupos, que à primeira vista pode parecer apenas mais uma 50mm — mas não se engane.

Fotografar em na maior abertura (f/1.4) com essa lente é como pintar com uma vela acesa. As bordas se desfazem suavemente, os realces ganham um brilho difuso quase onírico, e o plano de foco recorta o assunto com um carinho que nenhuma lente moderna consegue imitar. A imagem não é “clínica” — é carismática. É imperfeita, no melhor dos sentidos. E essa imperfeição é onde mora sua alma.

As minhas primeiras fotos com a Summilux foi a cobertura do prêmio destaque do turismo, em que o Sr. Arnaldo – do grupo Bella Italia, foi agraciado.

A Summilux V2 é cromada, compacta, com foco macio e anéis de controle sólidos — nada aqui foi feito com pressa. A sensação de girar o anel de abertura ou focar no rangefinder da Leica é algo que parece mais próximo da relojoaria do que da fotografia comercial.

E mesmo tendo uma Summicron 35mm V1 — que considero uma das lentes mais perfeitas já feitas (outro dia faço um post aqui no blog com as fotos com ela) — a Summilux 50mm me oferece um olhar completamente diferente. Onde a Summicron é precisão, a Summilux é emoção. Onde uma documenta, a outra sussurra. Uma te coloca no mundo; a outra o separa em camadas, cuidadosamente.

Nessa foto que fiz do Jaime Mendes, dá para ver o bokeh suave que a lente proporciona fotografando em f/1.4.

Noutro dia levei a lente para dar uma passeadinha no Belmond Hotel das Cataratas, aqui em Foz do Iguaçu, e tirei umas fotos da minha irmã, a Sarah.
Em um outro dia, fotografei um momento bem emocionante protagonizado pela Michelle, uma amiga de São Paulo, que fez uma despedida dolorosa, mas precisa do nosso amigo Cézar, nos rios Iguaçu e Paraná.

A lente não é apenas uma ferramenta. É uma extensão da minha sensibilidade como fotógrafo. E em tempos de megapixels e nitidez absoluta, ter uma lente que me obriga a sentir mais do que controlar é um lembrete do porquê comecei a fotografar. Foi por amor à sensibilidade.

Se você também coleciona luz, imperfeições e poesia, te convido a conhecer o que uma Summilux vintage pode fazer.

Porque na maioria das vezes não é sobre ver com nitidez.

É sobre ver com alma.

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