De imediato pode soar mal dizer que um grupo teatral sê esquizofrênico, mas não. Só apresenta sintomas um pouco complicados de entender. São alucinações, alterações de pensamento, transtornos de humor e principalmente a paranoia
Há um teatro em Foz do Iguaçu “sofrendo” destes sintomas – ótimo se fosse contagioso entre os grupos teatrais, se manifestando de forma explosiva e instantânea. Seria ótimo ouvir, saborear, cheirar e sentir tudo o que a esquizofrenia teatral proporcionaria à cidade.
Falo aqui do impulso e da agressividade da Cia Experiencial Teatro do Excluído de Foz do Iguaçu, que com muita força de vontade está se destacando entre as produções teatrais mais intimistas do Brasil.
A exclusividade do teatro está em contar com apenas 10 lugares, os atores encenam em um ambiente de 35 metros quadrados entre os expectadores. A iluminação é pouca e indireta. A palavra dita a interpretação e não o contrário. Não há espetáculo, o que se vê é o trabalho do dramaturgo muito bem regido pelos atores. Algo que ninguém está acostumado, é quase um desconstruir. É uma nova respiração, um novo fôlego, uma nova leitura, uma nova roupagem.
Atualmente em cartaz com “Como se eu fosse o mundo” – do dramaturgo Paulo Zwolinski, peça já montada pelo aclamado diretor Roberto Alvim, o mesmo assina o programa da peça, induzindo o espectador a uma narrativa sombria e sólida do teatro iguaçuense – o encenador Luiz H Dias nos coloca no centro escuro de uma discussão familiar em prantos que dialoga com os sintomas do grupo teatral, a esquizofrenia.
É neste caminhar que eu acredito que a Cia Experiencial Teatro do Excluído está saindo da exclusão e se tornando referencia em produção própria e com muita personalidade em Foz do Iguaçu.
Vale a pena conferir a peça em cartaz no Teatro da Lupah, na rua Rui Barbosa, 1172, Centro. Exibida até o dia 29 de abril aos sábados às 21h.
Fotografia: Renata Baralle