A minha garganta dói.
A chama está muito fraca.
As asas já não batem como antes, e as escamas estão caindo a torto e direito…
Lembro-me da minha juventude… que alegria ver as crianças brincando lá do alto.
Fazia altas manobras e surpreendia todo mundo.
Nessa época conheci uma de mim.
Nunca vi maiores chifres antes, e fogo mais brilhante e hipnotizante…
Como era elegantíssima.
Não voava, deslizava no ar. Pena, já era destinada a outro.
E muito mais pena de mim. Nunca tive uma destinada.
Fui envelhecendo sem a companhia de uma parceira.
Só cuidava de meu imaginário, da minha aparência.
Mas tinha sim, ainda acreditava que desencalharia e tiraria o meu rabão da miséria.
Hoje já não acredito. Quem vai querer um dragão caindo aos pedaços?
Me diz?