Esses dias zapeando no Netflix, como de costume, encontrei um documentário muito tocante. The True Cost é revelador.
Que as grandes corporações estão atrás de mão de obra barata e fazem de tudo para conseguir, isso ai todo mundo tá cansado de saber, até porque é exatamente o conceito do capitalismo. Porém, o que o documentário mostra vai além de um simples conceito político, ele mostra a realidade das pessoas que trabalham em lugares miseráveis para sustentar o nosso “luxo”.
É exatamente isso, as marcas vendem um conceito de exclusividade que ficaremos mais “ricos” comprando mais e mais, contudo o que na verdade é o contrário. Estamos empobrecendo e contribuindo para que cada vez mais sangue seja derramado. Sangue dos trabalhadores que fazem nossas roupas em lugares desprovido de segurança do trabalho. Locais que estão desabando e que já mataram milhares de pessoas.
O problema mesmo está no que é conhecido como “fast fashion”, ou seja, “moda rápida”. Um padrão de consumo no qual existem dezenas de coleção por ano, não só aquelas tradicionais primavera, verão, outono, inverno. O fast fashion quer que você compre o ano inteiro e faz você necessitar destes produtos. Zara, H&M, Benetton, Forever 21 e GAP são influenciadoras desta cultura.
Este tipo de produção necessita de eficiência de fornecimento em produção em termos de custo e tempo de comercialização dos produtos, por isso as empresas procuram a mão de obra e a matéria prima mais baratas. Mas você pode falar:
“Essas empresas contratando mão de obra em países pobres é a chance dessas pessoas sairem da miséria”.
O pensamento ai não é certo, pois a volatilidade com que as empresas mudam de lugar é muito alta, obrigando os países a darem maior quantidade de roupas produzidas pelo menor preço, ou seja, o lobby junto ao governo para que não sejam aprovadas legislações específicas às condições mínimas de trabalho é muito grande. Além disso, os donos das empresas negociam milésimos de centavos para poderem continuar produzindo roupas para as marcas de grife.
O problema não para por ai, além de estarmos contribuindo para o empobrecimento dos países que já são pobres, estamos jogando toneladas de roupas fora todos os anos. A maioria dessas roupas, nos Estados Unidos, vão para países “necessitados”, o que contribui para o congelamento da cadeia produtiva, ou seja, muita gente acaba desempregada.
Outra questão abordada pelo documentário é a matéria prima. A Monsanto modificou geneticamente o algodão para que ele seja melhor e maior, obrigando os produtores a comprar a semente e o agrotóxico somente da Monsanto, que por sua vez pode ajustar o preço da semente como bem entende.
Recentemente o governo da India convidou a empresa a se retirar do país, se não reduzir os preços da semente. Isto porque uma onda de suicidios está emcubrindo a Índia depois que a Monsanto introduziu o algodão BT, pois a grande promessa de rendimento da semente fez com que os produtores gastassem muito com a produção. Segundo dados do governo da Índia, quase 75% da dívida rural provém da compra de insumos. À medida que crescem os lucros da Monsanto, cresce também a dívida dos agricultores. É nesse sentido que as sementes da Monsanto são sementes do suicídio.
ALTERNATIVAS
Como mudar tudo isso? Como não apoiar que os pobres fiquem mais pobres e que os produtores de algodão parem de se suicidar?
Simples: não compactue com este modelo de negócio, com o fast fashion. Não compre de marcas que fabricam em países subdesenvolvidos. Apoie o produtor local. Compre de marcas nacionais.
Quando tudo está concentrado em gerar lucro, o que você vê são os custos ambientais e os direitos humanos, dos trabalhadores, se perder.