Olho distante. Olho para frente. Olho para o além. Sinto-me imergido nas fotos que ainda virão, nos retratos que ainda vou tirar, quero-me ver no futuro. Quero sentir os próximos fatos.
Mentira.
Quero viver do passado. Do último ano. Dos melhores abraços, do carinho e do afeto.
Agora falando a verdade, o que eu mais quero é viver o presente. Esquecer o futuro, mas o passado resiste em não me abandonar.
Na janela do apartamento vejo as cortinas, vejo as cortinas baterem. Vejo o vento sacudir as cortinas.
As cortinas.
As cortinas cinzas.
As grandes cortinas cinzas do palco se abrem.
A luz acende.
O protagonista entra.
A plateia respira, com um suspiro grande e profundo.
Ele cai da janela. O barco navega, mas ele só afunda e não consegue voar.
Navios dizem recomeço, do mar ninguém chegou ao fim.
Eu vou deixar o seu nome, em vez de mim.
Os cacos do jardim, vou fingir um recomeço.