O vento sopra a oeste, o tremular das bandeiras quebra o silêncio porque as ondas já não fazem barulho quando chegam no rochedo, e o som dos animais não tem sentido algum.
As nuvens no alto se aproximam rapidamente, a lua está no lugar de sempre e o sol ainda não se pôs.
Pensamentos e mais pensamentos invadem a minha mente como desenhos rupestres habitam as cavernas antigas. A flor reluz e quase se confunde com o tom avermelhado do céu.
É o tempo, é a morte, é ávida em uma só pétala. São os sonhos nas folhas. É o universo nas raízes. O som nasce… é um grilo, um sapo, um lobo, são os pequenos insetos na luminária de nafta.
Agora volto a escutar – como nunca – o mar quebrando e tornando migalhas as pedras. É o roçar do vento nas arvores. É a arvore cantando. São os animais falando. São os habitantes murmurando uma paz.
Respiro e sinto o poder exalando do chão, o poder que é canalizado para o bem, o poder que sustenta o universo, é esse o poder que mantém a tranquilidade…
A tranquilidade das crianças correndo sem perigo. É o amor dos casais. É a alegria dos jovens. É o sustento dos mais velhos. É o começo e o final de todas as coisas, o combustível das riquezas, a poesia dos poetas, o algo misterioso dos ferreiros, o segredo dos carpinteiros, o sexto sentido das mães, o alívio dos desesperados. É a paixão que une as famílias!
Texto originalmente escrito em abril de 2008